A Comissão de Assuntos Econômicos (CAEdo Senado aprovou nesta terça-feira (10os três novos nomes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para integrar a diretoria do Banco Central a partir de janeiro. Os escolhidos são Nilton David, Gilneu Vivan e Izabela Correa, que ocuparão as diretorias de Política Monetária, Regulação e Relacionamento, e Cidadania e Supervisão de Conduta, respectivamente.
David, que atualmente é chefe de operações de tesouraria no Bradesco, foi aprovado por 22 votos a favor e 5 contra. Vivan e Correa, servidores de carreira do Banco Central, tiveram 23 votos favoráveis e 4 contra, e 24 favoráveis e 3 contra, respectivamente.
Agora, as nomeações seguem para apreciação e votação no plenário do Senado, onde será realizada a votação final para confirmar os novos diretores.
Durante a audiência, os três indicados reforçaram o compromisso do Banco Central em manter a meta de inflação do país, que é de 3% para este ano e os próximos. "O Copom tem se mostrado bastante claro em seu compromisso de convergência à meta de inflação e, se aprovado, será esse o mandato que iremos perseguir", afirmou Correa.
David destacou que a desancoragem das expectativas de inflação, que ainda estão acima da meta, exige uma ação assertiva por parte da autoridade monetária. Ele enfatizou que, devido às defasagens da política monetária, é importante analisar os choques de preços, levando em conta suas causas e a persistência desses impactos. “Além da firmeza, serenidade e perseverança são essenciais para cumprir adequadamente este mandato”, afirmou.
David, responsável por executar a política cambial caso sua indicação seja ratificada, também abordou o impacto das intervenções cambiais. Segundo ele, as atuações do Banco Central no mercado de câmbio tendem a ser temporárias, e países que tentaram intervenções intensas acabaram abandonando essas estratégias.
Em relação ao fiscal, Vivan comentou que o Comitê de Política Monetária (Copomacompanha de perto a situação das contas públicas, mas ressaltou que o compromisso legal do Banco Central é com a meta de inflação. David, por sua vez, pontuou que as contas públicas influenciam a política de juros e afirmou que o impulso fiscal tem afetado a atividade econômica no Brasil.
David avaliou que o Brasil não enfrenta um cenário de dominância fiscal, que ocorre quando a deterioração das contas públicas enfraquece a eficácia da política monetária. Segundo ele, a política monetária tem sido eficaz para conter um aumento ainda maior dos preços.
Se confirmadas as nomeações, David ocupará a vaga de Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do Banco Central em janeiro. Vivan e Correa substituirão, respectivamente, Otavio Damaso e Carolina Barros, ambos servidores de carreira da instituição.
Com a aprovação, Lula, que chegou à Presidência com críticas à atuação do Banco Central, terá 7 dos 9 membros do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pela definição da taxa básica de juros, atualmente fixada em 11,25% ao ano.
Outros diretores do Banco Central, indicados por Lula, incluem Ailton de Aquino (Fiscalização), Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais), Rodrigo Teixeira (Administraçãoe Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência após o fim do mandato de Roberto Campos Neto. Já os diretores Diogo Guillen (Política Econômicae Renato Gomes (Organização do Sistema Financeiro e Resoluçãoforam indicados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
David, graduado em Engenharia de Produção pela USP, está no Bradesco desde 2019, após passagens por Morgan Stanley e Citi. Vivan, mestre e bacharel em Economia pela UnB e UFRGS, é servidor do Banco Central desde 1994 e atualmente chefia o Departamento de Regulação do Sistema Financeiro. Correa, formada em administração pública e com doutorado em Governo pela London School of Economics, é servidora do Banco Central desde 2006 e, atualmente, ocupa o cargo de secretária de Integridade Pública da Controladoria-Geral da União.
Após a aprovação da autonomia do Banco Central em 2021, os diretores passaram a ter mandatos fixos, desvinculados do mandato presidencial.