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Conflito na Síria: Imagens sugerem envolvimento do regime de Assad com tráfico de drogas

Publicada em: 11/12/2024 15:31 - Notícias

Depósito estaria localizado na base de uma divisão militar próxima a Damasco, sob comando de Maher al-Assad, irmão de Bashar al-Assad

Nesta quarta-feira (10), um vídeo que circula amplamente nas redes sociais parece mostrar um depósito na Síria contendo captagon, uma substância ilícita produzida no país sob o governo de Bashar al-Assad.

Na gravação, uma voz comenta que se trata de "uma das maiores instalações de armazenamento e produção de pílulas de captagon". No local, é possível ver pilhas de pílulas espalhadas pelo chão, junto a equipamentos destinados à fabricação da droga.

Aparentemente, o depósito estaria situado na sede de uma divisão militar próxima a Damasco, comandada por Maher al-Assad, irmão do presidente sírio.

Se a autenticidade das imagens for confirmada, elas reforçariam as acusações de que o regime de Assad está envolvido no comércio internacional de captagon, uma droga que se tornou um sério problema social em vários países árabes. Em alguns casos, essa situação levou nações vizinhas a negociar com o regime sírio para tentar controlar o tráfico.

O captagon, uma droga extremamente viciante, contém em sua maior parte anfetamina e é por vezes comparada à “cocaína do pobre”. Estudos recentes apontam que o comércio da substância movimenta bilhões de dólares anualmente.

É amplamente acreditado que o captagon tenha se tornado uma importante fonte de financiamento para o regime de Assad, especialmente durante o período em que o país enfrentava sanções internacionais.

No domingo (8), após sua chegada a Damasco, Mohammad al-Jolani, líder das forças que derrubaram o regime, afirmou que a Síria se tornou "a principal fonte global de captagon, mas hoje, graças à misericórdia de Deus Todo-Poderoso, a Síria está sendo purificada".

Produção de drogas e envolvimento do regime de Assad

De acordo com um relatório do Carnegie Endowment, publicado no início deste ano, o regime de Bashar al-Assad e seus aliados utilizaram o tráfico de captagon como uma forma de exercer pressão sobre os países do Golfo, especialmente a Arábia Saudita, para reintegrar a Síria ao mundo árabe.

O estudo indica que a produção e distribuição da droga estão profundamente conectadas aos interesses de poderosos grupos dentro da Síria, incluindo membros seniores do governo.

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODCinformou no ano passado que "a principal origem dos embarques de captagon" continua sendo a Síria e o Líbano, com destino principalmente aos países árabes do Golfo, seja por via terrestre, marítima ou indireta.

O UNODC também apontou que as maiores apreensões da droga foram realizadas na Arábia Saudita, onde cerca de dois terços do total de captagon confiscado foram encontrados. A CNN já havia reportado anteriormente sobre a ampla utilização da substância no reino.

Em 2022, o embaixador saudita em Beirute, capital do Líbano, revelou que as autoridades do país haviam apreendido cerca de 700 milhões de comprimidos contrabandeados vindos do Líbano desde 2014.

Estudos recentes apontam que o comércio de captagon cresceu significativamente na última década. O Middle East Institute relatou que, em 2021, quase US$ 6 bilhões em captagon produzido na Síria foram apreendidos no exterior. Somente em abril de 2022, 25 milhões de pílulas da substância, avaliadas em cerca de US$ 500 milhões, foram interceptadas em países vizinhos.

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