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Comunidade científica questiona “desextinção” do lobo-terrível

Publicada em: 08/04/2025 19:59 - Notícias

Um projeto de “desextinção” do lobo-terrível (Canis dirus), espécie pré-histórica que viveu há mais de 10 mil anos e foi popularizada pela série Game of Thrones, tem gerado polêmica entre cientistas. A proposta, liderada pela startup americana Colossal Biosciences, visa recriar o animal a partir de engenharia genética avançada — mas especialistas questionam a viabilidade ética e biológica da iniciativa.

A proposta

A Colossal planeja usar técnicas de edição genética, como o CRISPR, para inserir traços do lobo-terrível em cães modernos ou lobos cinzentos. O objetivo seria criar um híbrido com aparência e comportamentos semelhantes ao da espécie extinta, baseada em fragmentos de DNA recuperados de fósseis.

Segundo os idealizadores, a proposta pode ajudar a restaurar ecossistemas perdidos e impulsionar o avanço de tecnologias biomédicas e de conservação.

Críticas e preocupações

A comunidade científica, no entanto, expressa forte ceticismo. Biólogos evolutivos e conservacionistas alertam que:

  • O DNA disponível do lobo-terrível é incompleto, o que torna impossível recriar a espécie em sua forma original.

  • A criação de um híbrido pode resultar em animais com características imprevisíveis, sem função ecológica clara.

  • A iniciativa desvia recursos de programas de conservação de espécies vivas e ameaçadas, que poderiam ser mais efetivos para a biodiversidade.

  • Há preocupações éticas sobre o bem-estar animal e as consequências ambientais de reintroduzir um predador fabricado em laboratório.

“Você não está ressuscitando uma espécie. Está criando algo novo com base em suposições genéticas”, afirmou o biólogo Ross MacPhee, do Museu Americano de História Natural.

Tendência crescente

Apesar das críticas, o conceito de desextinção tem ganhado popularidade com projetos semelhantes — como o mamute-lanoso e o tilacino (ou tigre-da-tasmânia). Essas iniciativas atraem investidores e geram fascínio público, mas enfrentam obstáculos técnicos e éticos significativos.

 

Para muitos cientistas, o foco deveria estar na proteção dos ecossistemas atuais e das espécies em risco real de extinção — e não na tentativa de reviver criaturas de um passado remoto.

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