O Sistema Único de Saúde (SUSna Bahia atravessa uma das fases mais críticas dos últimos anos, com um déficit estimado em R$ 1,3 bilhão, segundo levantamento recente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A situação tem provocado fechamento de leitos, cancelamento de cirurgias eletivas, escassez de medicamentos essenciais e sobrecarga nos principais hospitais públicos do estado, especialmente em Salvador e nas cidades-polo do interior.
De acordo com dados apurados pelo Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), 18 unidades hospitalares enfrentam grave falta de insumos e equipamentos, enquanto ambulatórios regionais operam com mais de três meses de espera para exames básicos como ultrassonografias, ressonâncias e endoscopias. O Hospital Geral do Estado (HGE), referência em emergência e trauma, chegou a registrar, na última semana, 127 pacientes internados além da capacidade oficial.
A gestão do governador Jerônimo Rodrigues (PTtem sido duramente criticada por especialistas em saúde pública, conselhos de classe e pela própria população. O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremebemitiu nota pública na terça-feira (14), denunciando a “falta de compromisso do governo com a manutenção da dignidade e funcionalidade do SUS”. A nota acusa a Secretaria Estadual de Saúde (Sesabde omitir dados, negligenciar alertas e agir de forma improvisada.
Além do déficit estrutural, a Bahia ainda sofre com o não cumprimento dos repasses federais condicionados a metas assistenciais e transparência na execução orçamentária. O Ministério da Saúde cobrou do estado a apresentação de relatórios completos de 2023, sob pena de bloqueio de novos recursos. Internamente, auditores do Tribunal de Contas do Estado apontam irregularidades em contratos de terceirização de mão de obra e licitações para fornecimento de medicamentos hospitalares.
Na Assembleia Legislativa, parlamentares da oposição cobram a convocação urgente do secretário estadual de Saúde, Robson Moura. Segundo o deputado Sandro Régis (União), “o governo está pintando uma realidade fantasiosa enquanto as pessoas morrem sem atendimento”.
Em resposta, a Sesab afirmou que está adotando um plano de reestruturação financeira, com auditoria dos contratos vigentes e pactuação de novas metas com os municípios. Até o momento, nenhuma medida concreta foi apresentada à sociedade.
A crise no SUS baiano evidencia, mais uma vez, a falta de planejamento de longo prazo e o esgotamento do modelo atual de gestão hospitalar, marcado por improvisos, burocracia e ausência de controle social efetivo.