As obras da Via Metropolitana, projeto que prometia desafogar o trânsito entre Salvador e Lauro de Freitas, continuam paralisadas há mais de 14 meses, sem previsão concreta de retomada. Iniciada em 2017 com orçamento superior a R$ 220 milhões, a via deveria interligar a BA-099 (Estrada do Cocoà BR-324, oferecendo uma alternativa viária moderna e segura para milhares de motoristas que circulam entre a capital e a Região Metropolitana.

No entanto, o canteiro de obras virou sinônimo de abandono. Com trechos inacabados, equipamentos enferrujados e mato alto, a situação tem provocado indignação de motoristas e moradores de bairros como Areia Branca, Itinga, Vida Nova e Caji. Diariamente, o tráfego na região da Estrada do Coco e da Avenida Paralela atinge níveis críticos, com congestionamentos que ultrapassam 6 km em horários de pico.

A Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfraalega entraves técnicos e orçamentários para justificar o atraso, mas não apresentou nova data de conclusão. Em março deste ano, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-BAapontou indícios de superfaturamento e má gestão no contrato da obra, determinando a suspensão de repasses enquanto auditorias são concluídas.

Especialistas em mobilidade urbana afirmam que o impasse agrava a já caótica situação do trânsito em Salvador e dificulta o desenvolvimento da RMS. “Estamos falando de um projeto estratégico, que deveria ter sido priorizado desde o início. A interrupção prejudica não apenas a fluidez viária, mas também o acesso a serviços de saúde, educação e emprego”, disse a urbanista Fernanda Rocha, da UFBA.

Parlamentares da oposição classificaram a paralisação como mais um exemplo de “incompetência estrutural” do governo estadual. “O que vemos é uma sequência de promessas quebradas. O governo lançou a obra com estardalhaço e agora finge que ela não existe”, afirmou o deputado estadual Alan Sanches (União).

Moradores organizam um abaixo-assinado virtual que já reúne mais de 5 mil assinaturas, pedindo celeridade na conclusão da via e responsabilização dos gestores envolvidos. Enquanto isso, motoristas continuam enfrentando engarrafamentos, insegurança e prejuízos econômicos causados pela omissão do poder público.