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Cientistas vão contra alegação de Elon Musk sobre implante para turbinar visão "é o futuro da tecnologia"

Publicada em: 06/08/2024 15:26 - Notícias

 

O bilionário Elon Musk anunciou que o novo implante da Neuralink, chamado Blindsight, teria o potencial de restaurar a visão e até oferecer uma resolução superior à da visão humana normal. No entanto, um estudo recente publicado na revista *Scientific Reports* refuta essa afirmação, apontando por que o implante pode não cumprir o prometido.

Em uma postagem no X (anteriormente Twitter), o CEO da SpaceX e da Tesla revelou que o Blindsight está em fase de testes com macacos. Ele mencionou que a resolução inicial seria baixa, mas que, ao final, poderia superar a visão humana. Entretanto, os pesquisadores que publicaram o estudo consideram essa expectativa irrealista e perigosa, baseada em premissas falhas.

O novo chip da Neuralink promete restaurar a visão com uma qualidade superior à visão humana normal por meio de um implante cerebral com milhões de pequenos eletrodos conectados ao córtex visual.

Após realizar várias simulações, os cientistas concluíram que o Blindsight não alcançaria a qualidade prometida por Musk. O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington (UW), usou um modelo computacional para simular o funcionamento do córtex visual.

"Engenheiros frequentemente imaginam os eletrodos como se fossem pixels, mas a biologia não funciona dessa forma. Esperamos que nossas simulações baseadas em um modelo simples do sistema visual mostrem como esses implantes podem realmente operar. Essas simulações são muito diferentes da intuição de um engenheiro pensando em pixels de uma tela de computador", afirmou Ione Fine, autora principal do estudo e professora de psicologia da UW.

Os pesquisadores criaram um modelo computacional que simulou diversos estudos sobre o córtex visual, revelando que a experiência de restauração da visão pode não ser tão eficiente quanto o previsto. Fine explicou que o cérebro não gera imagens em pixels como uma tela; portanto, conectar milhares de eletrodos não corresponde à geração de uma imagem pixelizada.

O modelo computacional utilizou dados de estudos em animais e humanos para criar unidades virtuais de pacientes, mostrando detalhes da estimulação elétrica dos eletrodos no córtex visual. Por exemplo, uma simulação com 45 mil pixels produziu uma imagem clara, enquanto a mesma quantidade de eletrodos implantados no córtex visual resultou em uma imagem borrada.

O córtex visual do cérebro representa imagens por meio de milhares de neurônios, e a simples conexão de eletrodos não muda a forma como esses neurônios processam a informação. Para restaurar uma visão completa, seria necessário recriar o código neural entre milhares de células, um desafio que os cientistas ainda não sabem como enfrentar.

Os cientistas reconhecem que a Neuralink está fazendo avanços significativos e que o Blindsight pode ser inovador ao oferecer uma visão limitada para pacientes que atualmente são totalmente cegos. No entanto, ainda está longe de proporcionar uma visão completa.

"Para muitas pessoas que perdem a visão na idade avançada, aprender a viver como um indivíduo cego é extremamente difícil e pode levar a altos índices de depressão. A cegueira em idade avançada pode tornar algumas pessoas vulneráveis, e promessas de visões superiores à humana podem aumentar o desespero por recuperação", conclui o estudo.

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