Economistas afirmam que o câmbio, as taxas de juros e as importações serão os principais setores a sentir os efeitos do resultado eleitoral nos Estados Unidos.
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA traz à tona preocupações com políticas econômicas protecionistas, que podem gerar tensões nas parcerias comerciais e fortalecer o dólar.
Com isso, Trump retornará à Casa Branca para um segundo mandato após quatro anos.
Especialistas consultados pela Rádio Informação afirmam que o câmbio, as taxas de juros e as importações serão os principais segmentos que podem ser impactados pela conquista do segundo mandato de Trump.
José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, destaca que o dólar pode se valorizar devido à expectativa de aumento nas taxas de juros durante a administração Trump, em função de uma política fiscal expansionista e cortes de impostos.
"O plano de Trump tem uma orientação bastante inflacionária, o que pode ser combatido com o aumento das taxas de juros, tornando o dólar e os ativos americanos mais atraentes em relação aos países emergentes", explica.
Paulo Silva, economista e cofundador da Consultoria Advisory 360, ressalta que uma política econômica voltada ao equilíbrio fiscal pode trazer benefícios para o Brasil, caso Trump vença as eleições.
"O protecionismo econômico de Trump pode intensificar a pressão inflacionária e agravar o ciclo de aumento da taxa de juros no Brasil. Por isso, podemos esperar um aumento na Selic nesta quarta-feira (6), entre outros fatores que indicam essa tendência", afirma.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, afirma que ajustes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fedtornam os Estados Unidos mais atraentes para investidores.
"Se olharmos para nossa economia, a valorização do dólar pode encarecer commodities e insumos importados, principalmente em um cenário de aversão ao risco nos mercados globais, que pode direcionar fluxos de capital para os EUA", diz o analista.
A crescente dívida pública brasileira pode exigir maior "prêmio" dos investidores no médio prazo, e a gestão fiscal de Trump, mais deficitária e protecionista, pode prejudicar ainda mais as moedas dos países emergentes nesse contexto.
Outro setor que pode ser afetado pela nova onda republicana impulsionada pela vitória de Trump são as importações.
O plano econômico de Trump prevê tarifas de 60% sobre as importações chinesas, maior rival comercial dos Estados Unidos, e de 10% a 20% sobre outros parceiros comerciais.
A excessiva taxação pode levar a uma queda nos preços das commodities, explica Celso Grisi, professor da FIA Business School.
"A elevada taxação, com o objetivo de proteger a economia e o emprego nos Estados Unidos, deve impactar economias exportadoras como a China, que é a maior parceira comercial dos EUA. Isso pode gerar uma recessão no país asiático, que depende das exportações americanas. A queda na demanda poderá afetar diretamente os importadores brasileiros que fazem negócios com a China", conclui o professor.