A indústria nacional tem se destacado pelo seu comprometimento com a agenda climática, se afirmando como líder na transição para uma economia de baixo carbono. No maior evento global sobre o meio ambiente, a COP29, que está sendo realizada de 11 a 22 de novembro em Baku, Azerbaijão, a Confederação Nacional da Indústria (CNIapresentou as ações do setor e discutiu estratégias para promover o desenvolvimento sustentável.
O setor industrial tem adotado uma abordagem focada em quatro pilares essenciais: transição energética, mercado de carbono, economia circular e preservação ambiental por meio da bioeconomia. Um estudo recente realizado pela CNI revelou que seis em cada dez empresas brasileiras já implementaram práticas voltadas para a biodiversidade em seus processos, como o uso de tecnologias inovadoras, certificações ambientais e o uso sustentável de recursos naturais.
A pesquisa, que envolveu mais de 1,5 mil empresas do setor de transformação e extrativas, também destacou que as principais ações adotadas pela indústria incluem a utilização de tecnologias sustentáveis (35%), a obtenção de certificações ambientais (32%e o aproveitamento responsável de recursos biológicos (29%).
Além disso, o levantamento indicou que 20% das indústrias no Brasil produzem insumos ou itens que incorporam recursos vegetais, animais ou microrganismos em suas formulações. Para 76% dessas empresas, esses recursos são fundamentais para garantir as propriedades funcionais dos produtos.
Outro estudo realizado junto ao setor mostrou que 85% das indústrias brasileiras já aplicam práticas de economia circular, um modelo em que os processos produtivos são reestruturados para garantir a reutilização de recursos, reduzir desperdícios e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
CNI na COP29: Avanços e Compromissos
A pesquisa da CNI, que revelou como a biodiversidade já está integrada aos processos industriais no Brasil, foi uma das atrações no evento em Baku. A conferência, que reúne lideranças globais para discutir questões climáticas, foi a plataforma escolhida para a indústria apresentar suas propostas para avançar na agenda verde e apoiar os compromissos do Brasil de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou o papel da indústria brasileira como pioneira na transição para uma economia de baixo carbono e reforçou o desejo de fortalecer essa posição durante as discussões da COP30, que acontecerá em Belém, no Brasil, em 2025. "Queremos continuar avançando na agenda climática e consolidar a indústria brasileira como protagonista das discussões ambientais", afirmou Alban.
Atuação Proativa da Indústria
A participação ativa da indústria nas conferências climáticas representa uma oportunidade crucial para demonstrar seu compromisso com o desenvolvimento sustentável. Ao longo da COP29, o setor tem defendido ações importantes, como o avanço da adaptação às mudanças climáticas, a regulamentação do mercado global de carbono e a promoção do financiamento climático.
No estande da CNI, mais de 60 atividades estão sendo realizadas, incluindo painéis de discussão, apresentações e o lançamento de novas iniciativas e estudos relacionados à transição energética, adaptação climática, bioeconomia e outras questões prioritárias da COP.
Projetos Transformadores em Destaque
Entre as iniciativas mais impactantes, destacam-se os projetos de hidrogênio verde, que já atraíram mais de R$ 188 bilhões em investimentos. O hidrogênio, produzido a partir de fontes renováveis ou a partir de combustíveis fósseis com captura de carbono, é visto como uma estratégia vital para descarbonizar setores industriais de difícil abatimento, como a produção de aço, vidro, alumínio, fertilizantes e produtos químicos.
Diversos portos brasileiros estão se posicionando como hubs de hidrogênio de baixo carbono, estabelecendo centros logísticos que abrangem toda a cadeia produtiva dessa fonte de energia. Além disso, a Vale firmou uma parceria com a Green Energy Park (GEP), uma empresa europeia, para estudar a instalação de uma planta de produção de hidrogênio verde no Brasil, visando abastecer um futuro Mega Hub industrial de produtos siderúrgicos de baixo carbono.
“O setor industrial está em plena transformação, com ações concretas para reduzir emissões e adotar a economia circular. Isso não apenas contribui para o cumprimento dos compromissos climáticos, mas também gera empregos de qualidade, promove tecnologias limpas e torna as cidades mais sustentáveis e saudáveis”, afirmou Ricardo Alban.
Proposta de Criação de um Grupo de Empresários para a COP30
Durante a COP29, a CNI também propôs a criação de um grupo de empresários focado em políticas verdes, semelhante ao B20, um fórum de diálogo global entre o setor privado e líderes dos países do G20. Alban tem trabalhado com o governo federal para garantir que o grupo de empresas, chamado Sustainable Business COP, esteja ativo durante a COP30, em 2025. A iniciativa visa reunir representantes do setor privado para influenciar decisões chave sobre o clima, principalmente nas questões relacionadas ao financiamento da transição para uma economia mais sustentável.
“Esse grupo será um catalisador para que grandes empresas discutam e obtenham resultados mais efetivos, principalmente nas questões de financiamento e inovação”, concluiu Alban.