O dólar registrou queda nesta sexta-feira (20), mas ainda se encaminha para encerrar a semana com valorização. Investidores seguem atentos a novas intervenções do Banco Central (BCno mercado de câmbio, enquanto acompanham o andamento do pacote fiscal no Congresso Nacional.
O Banco Central realizou a venda de US$ 7 bilhões nesta sexta-feira, sendo US$ 3 bilhões à vista e US$ 4 bilhões com compromisso de recompra, totalizando US$ 27,77 bilhões desde o início das intervenções no câmbio, em meio à forte desvalorização do real.
Por volta das 14h40, o dólar à vista registrava uma queda de 1,21%, cotado a R$ 6,077 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,11%, alcançando 121.349 pontos.
Na quinta-feira (19), após cinco pregões consecutivos de alta, o dólar à vista fechou em baixa de 2,29%, a R$ 6,1243, ainda o segundo maior valor de fechamento nominal da história. A desvalorização do dólar foi impulsionada pela nova intervenção do BC, que ajudou a recuperar parte das perdas do real frente à moeda americana.
Impactos do pacote fiscal e do cenário externo
O dólar tem mostrado uma tendência de alta no Brasil desde o anúncio duplo do governo, no final de novembro, de um pacote fiscal e de uma proposta de reforma do Imposto de Renda. Nos últimos dias, no entanto, investidores temiam que o pacote fiscal não fosse aprovado pelo Congresso até o final do ano.
O avanço do pacote fiscal no Congresso, especialmente com a aprovação de novos textos na Câmara e no Senado, gerou otimismo entre os investidores. A Câmara aprovou, na quinta-feira, um projeto que limita o aumento real do salário mínimo e altera as regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), completando a votação dos três textos que compõem o pacote fiscal.
No Senado, também foi aprovada em dois turnos a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), com medidas que visam restringir o acesso ao abono do PIS/Pasep e limitar os supersalários. Além disso, o Senado havia aprovado anteriormente um projeto que impõe restrições ao crescimento das despesas com pessoal e aos incentivos tributários no caso de déficit primário.
“A moeda brasileira deve encontrar certo alívio com a aprovação dos textos no Senado e com a forte atuação do Banco Central. O cenário fiscal pode esfriar até fevereiro, e a falta de novidades pode ser positiva para o câmbio”, afirmou Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Expectativa externa
No cenário internacional, investidores aguardam os dados do índice PCE, o principal indicador de inflação do Federal Reserve, previstos para ser divulgados às 10h30 (horário de Brasília). Os números devem fornecer pistas sobre a possível trajetória das taxas de juros nos Estados Unidos para o próximo ano.