Um documento manuscrito encontrado na cela de um detento identificado como Luis Alberto dos Santos Aguiar Junior, na Penitenciária de Presidente Venceslau (SP), revela um plano do Primeiro Comando da Capital (PCCdenominado “resposta de sangue”.
O material descreve ações organizadas para realizar ataques violentos contra servidores públicos, manipular manifestações e tentar desestabilizar o sistema prisional.
Os escritos também mencionam o uso da ONG Pacto Social & Carcerário como instrumento estratégico para validar as iniciativas do grupo criminoso. O caso foi investigado no âmbito da Operação Scream Fake, desencadeada nesta terça-feira (14/1).
Em 1º de novembro de 2023, durante uma inspeção de rotina no pavilhão A, raio I, agentes penitenciários flagraram Luis Alberto tentando destruir provas ao engolir parte dos manuscritos. O material remanescente foi apreendido e, em seguida, analisado pela polícia.
Os textos incluíam termos como “sintonia dos gravatas” e “apoio resumo da externa”, que indicavam a coordenação direta das lideranças do PCC tanto dentro quanto fora dos presídios. A comunicação codificada continha, ainda, orientações para utilizar protestos públicos como fachada para pressionar as autoridades.
As investigações revelaram que o PCC planejava executar três indivíduos específicos, descritos como “tiranos”, como forma de demonstrar poder e retaliar medidas que o grupo considera repressivas no sistema penitenciário. A facção previa reações adversas, mas avaliava que o impacto seria suficiente para alterar o tratamento dado aos presos.
O plano também previa interrupções sincronizadas nas atividades das penitenciárias e manifestações externas lideradas por familiares e ONGs em locais estratégicos, como o Fórum João Mendes, além de comunidades periféricas, como Paraisópolis. Faixas com mensagens críticas ao sistema carcerário seriam exibidas em pontos de destaque para a mídia.
Operação Scream Fake
A apuração culminou na Operação Scream Fake, realizada nesta terça-feira (14/1pelo Gaeco e pela Polícia Civil. Foram executados mandados de busca e apreensão em várias cidades de São Paulo e do Paraná, resultando na prisão de 12 pessoas, incluindo a presidente e o vice-presidente da ONG Pacto Social & Carcerário, além de três advogados associados à organização criminosa.