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Nova técnica usa vírus modificado para combater câncer metastático e avançado

Publicada em: 20/01/2025 17:22 - Notícias

Uma pesquisa publicada na sexta-feira (17/1na revista científica Cells apresenta uma abordagem inovadora no combate ao câncer, demonstrando eficácia na redução de tumores, incluindo casos metastáticos e em estágio terminal.

Como funciona o tratamento?

A nova terapia altera geneticamente as células tumorais para que o sistema imunológico as identifique mais facilmente como prejudiciais.

Isso é alcançado por meio de um vírus geneticamente modificado que "engana" o corpo. Os cientistas induzem os tumores a produzir açúcares típicos de células de porcos. Essa alteração faz com que o organismo reconheça as células cancerígenas como invasoras e reaja a elas com mais intensidade.

Câncer "disfarçado" de porco

O método aborda um dos maiores desafios no combate ao câncer: o fato de as células cancerígenas serem originadas pelo próprio corpo, dificultando sua identificação como ameaças.

Com a técnica desenvolvida por pesquisadores chineses, o sistema imunológico conseguiu interromper o crescimento de tumores avançados e até eliminá-los em alguns casos.

A estratégia foi inspirada nas reações observadas em xenotransplantes, em que órgãos de porcos são implantados em humanos, e o corpo reage a esses tecidos. Para entregar a modificação genética, os cientistas usaram o vírus alterado da doença de Newcastle, um patógeno aviário inofensivo para humanos.

Testes em animais e humanos

Os testes iniciais foram realizados em macacos Fascicularis, amplamente utilizados em pesquisas por sua similaridade com os humanos. O estudo tratou animais com câncer de fígado induzido.

No grupo que recebeu placebo, a média de sobrevivência foi de quatro meses. Já entre os tratados com o vírus modificado, todos sobreviveram por mais de seis meses.

A pesquisa avançou para ensaios em humanos, envolvendo 23 pacientes com tumores resistentes a tratamentos tradicionais, incluindo cânceres de fígado, pulmão, mama e ovário.

Os participantes foram monitorados por até 36 meses após o tratamento. Entre os resultados:

  • Um paciente apresentou remissão total dos tumores.
  • Oito tiveram redução parcial da doença.
  • Doze mantiveram a condição estável, sem progressão.
  • Apenas dois pacientes não responderam ao tratamento.

Os cientistas ficaram surpresos com a eficácia em diferentes tipos de câncer, sugerindo que o método pode desencadear uma resposta imunológica duradoura e abrangente.

Limitações e próximos passos

Embora os resultados sejam promissores, especialistas consultados pela revista Nature ressaltam a necessidade de estudos adicionais antes de validar o tratamento como uma cura. Entre as preocupações está o risco de superestimulação do sistema imunológico, que poderia levar ao ataque de tecidos saudáveis.

A equipe liderada por Yongxiang Zhao pretende avançar para os ensaios clínicos de fases 2 e 3, que incluirão um número maior de participantes e diferentes tipos de câncer. Esses estudos serão cruciais para confirmar a segurança e a eficácia da terapia.

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