A recente demissão do economista David Deccache da assessoria econômica da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados evidenciou divisões internas no partido relacionadas à política econômica do governo federal. Deccache, que ocupou o cargo por oito anos, afirmou que sua exoneração ocorreu devido às críticas que fez à política econômica do governo Lula, especialmente em relação ao ajuste fiscal proposto. Ele também alegou ter sido alvo de assédio moral dentro do partido e acusou o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SPde exercer liderança de forma autoritária.
A decisão de demitir Deccache foi tomada em uma votação interna da bancada do PSOL, resultando em oito votos a favor e cinco contra. Parlamentares alinhados ao governo, como Guilherme Boulos, Luciene Cavalcante, Erika Hilton, Ivan Valente, Henrique Vieira, Talíria Petrone, Tarcísio Motta e Célia Xakriabá, votaram pela demissão. Por outro lado, Sâmia Bomfim, Luiza Erundina, Chico Alencar, Glauber Braga e Fernanda Melchionna, que representam uma ala mais crítica ao governo dentro do partido, posicionaram-se contra a exoneração.
Em nota oficial, a bancada do PSOL negou que a demissão tenha sido motivada por divergências políticas, atribuindo-a, em vez disso, a ataques públicos feitos por Deccache a parlamentares e à presidente do partido. A nota destacou que é inaceitável que um assessor ofenda membros da bancada e a direção partidária em redes sociais, utilizando termos como "oportunistas", "covardes" e "mentirosos".
O episódio revelou um racha interno no PSOL, refletindo diferentes perspectivas sobre o apoio ao governo Lula e a condução da política econômica. Enquanto uma ala defende uma postura mais alinhada ao governo, outra mantém uma posição crítica, especialmente em relação a medidas como o arcabouço fiscal e cortes de gastos. A demissão de Deccache intensificou esse debate interno, com alguns parlamentares expressando preocupação sobre o futuro do partido e sua autonomia em relação ao governo federal.