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Bahia lidera taxa de homicídios entre jovens e enfrenta críticas por ausência de ações efetivas

Publicada em: 13/05/2025 11:04 - Notícias

O Atlas da Violência 2025, divulgado nesta terça-feira (13), trouxe dados alarmantes sobre a realidade da segurança pública na Bahia: o estado registrou a segunda maior taxa de homicídios entre jovens do país em 2023, com 113,7 mortes por 100 mil habitantes de 15 a 29 anos. Em números absolutos, foram 6.616 assassinatos, o que representa um volume maior do que o somatório dos casos em estados populosos como São Paulo e Minas Gerais. A estatística é particularmente grave quando se considera que a maioria das vítimas é composta por homens negros moradores de periferias urbanas.

Apesar de uma leve redução de 3,4% em relação a 2022, o patamar ainda é considerado crítico por especialistas. Organizações da sociedade civil e centros de pesquisa acadêmica acusam o governo da Bahia de falhar na formulação de políticas públicas voltadas à juventude e à prevenção da violência. A gestão Jerônimo Rodrigues (PT), segundo essas entidades, concentra esforços em ações repressivas e ignora o investimento em educação, cultura e geração de renda nos territórios mais afetados pelo crime.

“Estamos diante de um genocídio silencioso da juventude negra. É inadmissível que, após mais de uma década liderando rankings de violência, a Bahia ainda não tenha implementado um plano estadual robusto de enfrentamento às causas estruturais da criminalidade”, afirma a pesquisadora Ana Paula Nascimento, do Instituto de Estudos sobre Violência Urbana (IEVU).

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia afirmou em nota que os dados refletem o acirramento do conflito entre facções criminosas e que está intensificando o patrulhamento nas áreas mais críticas. No entanto, moradores de bairros como Valéria, Castelo Branco e Engomadeira relatam que a presença policial é intermitente e, muitas vezes, associada a ações violentas que não resultam em melhorias duradouras para a comunidade.

Parlamentares da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia cobraram nesta terça a convocação do secretário Marcelo Werner para prestar esclarecimentos. Segundo o deputado estadual Pablo Barrozo (União Brasil), o governo estadual está “perdendo o controle da segurança pública” e “se omite diante do massacre da juventude”.

 

Enquanto isso, mães de jovens assassinados se organizam em coletivos como o “Mães de Maio” e o “Reaja ou Será Morta”, exigindo justiça e políticas públicas efetivas. Para elas, os números são mais do que estatísticas: representam histórias interrompidas e vidas que o Estado falhou em proteger.

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