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Após crise na segurança, governo da Bahia anuncia compra emergencial de viaturas e armamentos, mas medidas são vistas como paliativas

Publicada em: 14/05/2025 12:07 - Notícias

Em meio à crescente pressão popular e política causada pelos altos índices de criminalidade na Bahia, o governo estadual anunciou nesta terça-feira a compra emergencial de 280 novas viaturas e um novo lote de armamentos e equipamentos de proteção para as polícias Civil e Militar. O investimento anunciado ultrapassa R$ 90 milhões e tem como objetivo “reforçar a atuação das forças de segurança nas áreas mais críticas do estado”, segundo nota da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

A medida ocorre dois dias após a divulgação do Atlas da Violência 2025 e do levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que colocaram a Bahia no topo do ranking nacional de homicídios e mortes por intervenção policial. O governo afirma que a aquisição será feita com dispensa de licitação, utilizando recursos do Fundo Estadual de Segurança, o que levantou questionamentos sobre a transparência e o controle dos gastos.

Especialistas em políticas públicas e parlamentares da oposição reagiram com ceticismo ao anúncio. Para o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), a medida é “mais uma cortina de fumaça para encobrir a falência da estratégia de segurança atual”. Segundo ele, o problema da violência na Bahia não se resolve apenas com compra de viaturas, mas com um plano de longo prazo que envolva educação, emprego, reforma do sistema prisional e combate à desigualdade social.

A Associação dos Policiais Civis da Bahia (Aspoltambém divulgou nota crítica, afirmando que a medida “ignora o verdadeiro colapso estrutural da segurança pública, que começa pela falta de efetivo, baixos salários e ausência de investimentos em inteligência e tecnologia”. Representantes da Polícia Militar, por sua vez, afirmaram que os equipamentos são bem-vindos, mas que a principal demanda da tropa continua sendo valorização profissional e condições dignas de trabalho.

A SSP-BA, em coletiva, reforçou que a aquisição será realizada de forma acelerada e que os equipamentos devem começar a ser entregues em junho. No entanto, a promessa de reforço imediato contrasta com episódios recentes em que promessas semelhantes não se concretizaram no prazo divulgado. Em 2023, por exemplo, parte das viaturas anunciadas demorou mais de sete meses para ser incorporada às frotas operacionais.

 

A população segue à mercê da insegurança cotidiana. Em bairros como Águas Claras, Tancredo Neves, Bairro da Paz e Periperi, moradores relatam medo constante de tiroteios, assaltos e presença ostensiva de facções armadas. Para muitos, o problema ultrapassa o debate sobre policiamento e exige uma mudança estrutural no modo como o Estado se relaciona com seus territórios mais vulneráveis.

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