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Receita Federal intercepta 63 kg de cocaína em contêiner de limões no Porto de Salvador

Publicada em: 20/05/2025 16:48 - Notícias

A Receita Federal apreendeu 63 kg de cocaína no Porto de Salvador durante inspeção de rotina em um contêiner refrigerado carregado com limões destinados a Londres. A droga, avaliada em cerca de R$ 12 milhões, estava escondida no compartimento do sistema de frio, envolta em plástico preto e fita alumínio para confundir escâneres.

A operação começou quando analistas de risco detectaram densidade incomum nas imagens de raio X. Agentes com cães farejadores confirmaram a suspeita e isolaram a área. “Foi um exemplo clássico de rip‑on/rip‑off: traficantes violam o lacre em paradas logísticas, inserem a cocaína e recolocam o selo como se nada tivesse acontecido”, explicou a delegada Sandra Magnavita, chefe da Alfândega.

Investigações preliminares indicam contaminação da carga ainda em solo brasileiro, possivelmente em um pátio terceirizado na Região Metropolitana. A Polícia Federal abriu inquérito para rastrear a cadeia logística, desde os motoristas que transportaram o contêiner até eventuais funcionários portuários cooptados.

O sindicato dos operadores reclama que o terminal conta com apenas um escâner para mais de 11 mil contêineres mensais. “É enxugar gelo: interceptamos uma remessa, mas a fila seguinte já está vulnerável”, lamentou o consultor Alberto Nogueira, especializado em segurança portuária. Ele lembra que portos chilenos e colombianos operam equipamentos de última geração financiados com verba de acordos internacionais, enquanto o governo federal adia licitações por contenção orçamentária.

Nos últimos doze meses, o Porto de Salvador já totaliza quatro grandes apreensões, superando 150 kg de cocaína — recorde local que expõe tanto a eficiência dos fiscais quanto a dimensão do problema. Para o economista Luís Mota, do CEPE‑UFBA, “cada quilo que escapa financia milícias, corrompe servidores e retroalimenta a violência urbana que o Estado depois gasta para conter”.

 

A Receita pretende integrar, ainda este ano, sistemas de reconhecimento facial e análise de rotas veiculares a uma malha nacional de dados alfandegários. Mas, sem reforço de pessoal e novos escâneres, os agentes alertam que operações bem‑sucedidas continuarão a ser exceções — vitrines que pouco alteram a lógica do tráfico internacional, cada vez mais sofisticado e financeiramente poderoso.

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