Após 17 dias sob Alerta Máximo, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) rebaixou, às 10h desta terça‑feira, o protocolo para Nível de Atenção, conforme o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC). O Centro de Monitoramento registrou queda no volume de precipitação: acumulados baixaram de 160 mm em 72 h para menos de 20 mm, e modelos meteorológicos descartam nova frente fria nos próximos três dias.

Apesar da melhora, o solo segue encharcado e o risco de deslizamentos persiste. As 14 sirenes acionadas em 12 bairros populares — como Calabetão, Vila Picasso e Alto da Terezinha — permanecem ligadas, e 237 moradores continuam em abrigos. Técnicos da Codesal alertam que a menor chuva localizada pode provocar desmoronamentos, pois o lençol freático está “no limite”.

O prefeito Bruno Reis (União) comemorou a retomada parcial da normalidade, mas evitou falar em liberação de recursos para reconstrução: “Estamos levantando os danos”. Críticos lembram que o Plano Diretor de Encostas está paralisado desde 2023 e que obras prometidas após o temporal de 2022 não saíram do papel.

Para o climatologista Henrique Guedes (UFBA), o alívio é temporário: “Maio é o pico pluviométrico; a cidade ainda pode acumular 100 mm em 24 h”. Ele cobra investimentos em micro‑drenagem e alertas regionais via celular, hoje inexistentes. Moradores também reclamam do atraso nas cestas básicas e colchões prometidos pela assistência social.

A Codesal mantém plantão 24 h via telefone 199 e pede que a população evite áreas de encosta. Se a chuva persistir leve, o órgão pode rebaixar a cidade a Estado de Observação na quinta‑feira. Até lá, o cenário é de cautela — a capital saiu do vermelho, mas o risco continua imerso no lamaçal que cobre suas encostas.