Estudantes da rede pública e privada de Salvador realizaram um protesto na manhã desta sexta-feira (23na região do Iguatemi para denunciar a precariedade do sistema de transporte coletivo urbano. A principal reclamação diz respeito à escassez de ônibus nos horários de pico e à superlotação que tem dificultado o deslocamento para escolas e universidades.

Segundo a União dos Estudantes da Bahia (UEB), cerca de 60% das linhas que operam nas principais rotas educacionais da cidade apresentam falhas de frequência, com longos intervalos entre os coletivos e veículos em más condições. O problema tem sido agravado pela integração ineficiente entre ônibus e metrô, que provoca filas e atrasos frequentes nos terminais da Lapa, Acesso Norte e Mussurunga.

Durante o protesto, os manifestantes bloquearam parcialmente a Avenida ACM, reivindicando aumento da frota em circulação, fiscalização das empresas concessionárias e gratuidade universal do transporte para estudantes de baixa renda. A mobilização contou com apoio de entidades como o DCE da UFBA, grêmios estudantis e movimentos de bairro.

A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semobreconheceu os problemas e afirmou que está notificando as empresas que operam com descumprimento de horários, mas não apresentou soluções concretas nem cronograma de regularização. A Semob também negou a possibilidade de gratuidade total, alegando inviabilidade orçamentária.

Especialistas em mobilidade urbana criticam o modelo de concessão atual e apontam a falta de planejamento integrado como um dos principais entraves. “Temos um sistema que privilegia o lucro das operadoras em detrimento da qualidade do serviço. O resultado é um transporte excludente, caro e ineficiente”, disse a urbanista Gabriela Mota, da Unifacs.

A Defensoria Pública da Bahia informou que está acompanhando o caso e pode ingressar com uma ação civil pública caso não haja melhorias no serviço nas próximas semanas. Para os estudantes, a precariedade no transporte é mais uma barreira no acesso ao direito à educação.