A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro protocolou no dia 16 de junho de 2025 um novo pedido ao Supremo Tribunal Federal (STFsolicitando a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e figura central nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura os supostos atos antidemocráticos.
Quebra de sigilo e uso de perfil falso
Segundo os advogados de Bolsonaro, Cid teria violado cláusulas expressas do acordo de colaboração premiada ao utilizar um perfil anônimo no Instagram (@gabrielar702), identificado como "Gabriela R", para divulgar informações sigilosas da delação. Além disso, a defesa afirma que o delator mentiu em seu interrogatório ao STF ao negar qualquer participação nesse tipo de atividade.
“Fica evidente que Mauro Cid não apenas descumpriu os termos do acordo, mas também atentou contra o sigilo do processo e comprometeu sua própria credibilidade como colaborador premiado”, sustentam os advogados no pedido.
Pedidos complementares e acareação
No mesmo documento, a defesa de Bolsonaro solicitou:
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A anulação integral do acordo de delação de Mauro Cid;
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A prorrogação dos prazos de diligência para aguardar resposta da Meta (dona do Instagramsobre os dados do perfil citado;
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O acesso a outros inquéritos paralelos envolvendo Mauro Cid, como os casos da “Abin paralela” e das urnas eletrônicas;
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A possibilidade de uma acareação direta entre Bolsonaro e Mauro Cid.
Meta já foi acionada pelo STF
A ministra Alexandre de Moraes, previamente, já havia determinado que a Meta preservasse os dados do perfil em questão. A defesa de Bolsonaro agora busca que a empresa forneça IPs, localização, histórico de acesso e outras provas que possam confirmar que Mauro Cid teria de fato usado ou se comunicado por meio da conta em questão.
Impacto na estratégia de defesa
O pedido de anulação da delação de Mauro Cid representa uma estratégia clara da defesa de Bolsonaro para deslegitimar a base das acusações contra o ex-presidente, sustentadas, em grande parte, pelo conteúdo da colaboração do ex-ajudante de ordens. A mesma linha argumentativa também foi adotada por advogados de outros investigados, como o general Braga Netto.
Caso seja aceita, a anulação da delação poderá ter efeitos devastadores sobre os inquéritos em curso, incluindo o que investiga a tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
Próximos passos
Ainda não há decisão do ministro Alexandre de Moraes sobre o novo pedido da defesa. O processo segue em fase de diligência, com expectativa de que a Meta envie as informações solicitadas. A Procuradoria-Geral da República (PGRtambém deverá se manifestar antes que Moraes tome uma decisão definitiva sobre a validade da colaboração de Mauro Cid.