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Com Inflação Acima do Esperado, Economistas Apontam Alternativas Além do Aumento dos Juros

Publicada em: 26/11/2024 16:32 - Notícias

A surpresa da inflação em novembro, que superou as previsões do mercado, levanta discussões sobre outras medidas para reduzir os preços, além da tradicional alta nos juros promovida pelo Banco Central (BC).

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15registrou uma aceleração de 0,62% no mês de novembro, comparado a 0,54% em outubro. No acumulado de 12 meses, o índice subiu para 4,77%, permanecendo acima do teto da meta de inflação estipulada pelo BC, que é de 3% para este ano, com uma margem de 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Essa pressão sobre os preços acontece mesmo com o aumento das taxas de juros, que voltaram a subir nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). No início deste mês, o Copom elevou a taxa básica em 0,5 ponto percentual, alcançando 11,25% ao ano. Em setembro, já havia ocorrido um aumento de 0,25 ponto, levando a Selic a 10,75%, o primeiro aumento desde agosto de 2022.

Em entrevista, Diego Hernandez, economista e fundador da Ativa Investimentos, destacou que a elevação da taxa de juros sozinha não será suficiente para controlar a inflação. "Alguns dados podem estar sendo pressionados de maneira artificial pela política fiscal, e a política monetária, por si só, não será capaz de resolver a alta dos preços", explicou Hernandez.

Ele também alertou que, sem ajustes fiscais, o novo presidente do BC enfrentará desafios ao tentar elevar os juros para níveis mais altos, como 12%, 13% ou até 14%, sem ver resultados significativos na economia real. "É essencial que o lado fiscal seja ajustado. Caso contrário, o trabalho do novo presidente do BC será muito difícil", concluiu o economista.

Necessidade de Ajustes Fiscais para Controlar os Preços

Especialistas concordam que o controle de gastos públicos é uma medida essencial para ajudar a aliviar a pressão sobre os preços e reduzir a necessidade de altas adicionais na taxa de juros. Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, observou que a economia brasileira está em um momento de "aquecimento", refletido na taxa de desemprego mais baixa em uma década.

A proposta de um pacote de ajuste fiscal, que o governo federal deve anunciar nos próximos dias, é vista como uma estratégia importante para desacelerar a economia e, assim, reduzir a pressão inflacionária. "Quanto mais o governo controlar os gastos agora, mais reduz a pressão sobre os juros", afirmou Gala.

De maneira semelhante, Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, apontou que o impulso fiscal atual, que significa a injeção de recursos públicos na economia, é "excessivo". Ela defendeu a implementação de políticas "anticíclicas", com a redução desses estímulos, para garantir um crescimento econômico mais equilibrado, sem gerar inflação.

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