Uma apreensão de R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo, realizada pela Polícia Federal (PFdentro de uma aeronave durante um voo entre Salvador e Brasília, revelou um esquema de corrupção envolvendo empresários e servidores públicos. A operação, que ocorreu no dia 3 de dezembro, foi fundamental para desarticular um grupo criminoso que fazia pagamentos ilegais a agentes públicos.
A apreensão deu origem à operação “Overclean”, desencadeada na terça-feira, 10 de dezembro. A ação contou com a colaboração do Ministério Público Federal (MPF), da Controladoria-Geral da União (CGU), e da Homeland Security Investigations (HSI), agência de segurança interna dos Estados Unidos.
De acordo com as investigações, o grupo envolvido movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão e estava focado no desvio de verbas públicas, especialmente de contratos na área de engenharia, incluindo recursos destinados a emendas parlamentares.
Ao todo, 43 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, além de 17 prisões preventivas. Dentre os detidos está o empresário José Marcos Moura, conhecido como o "Rei do Lixo" na capital baiana. A PF informou que o voo onde o dinheiro foi encontrado havia sido organizado por Moura, considerado líder da quadrilha. A aeronave, de pequeno porte, pertence a uma empresa de táxi aéreo. Até o momento, a defesa dos envolvidos não se pronunciou.
Além do dinheiro, os agentes encontraram no avião uma planilha contendo informações sobre contratos e valores, incluindo referências a “MM” — possível alusão a Marcos Moura. A planilha indicava contratos suspeitos que somam mais de R$ 200 milhões nos estados do Rio de Janeiro e Amapá.
O juiz responsável pelo caso, Fábio Moreira Ramiro, detalhou que as investigações se originaram a partir de uma apuração da CGU, que analisava um processo licitatório realizado pela Coordenação Estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocsem 2021. De acordo com a CGU, o grupo criminosa operava com uma estrutura hierárquica, onde “operadores” centrais e regionais recrutavam servidores públicos para direcionar contratos fraudulentos e aplicar superfaturamento. As propinas eram pagas por meio de empresas de fachada ou outras técnicas para disfarçar a origem dos recursos.