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Falta de professores atinge mais de 300 escolas estaduais na Bahia e revela crise estrutural na educação públicaivo.

Publicada em: 16/05/2025 21:54 - Notícias

A rede estadual de ensino da Bahia enfrenta uma grave crise de déficit de professores, afetando diretamente o calendário letivo de milhares de alunos em Salvador e no interior. Segundo levantamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), mais de 300 escolas estão com falta parcial ou total de docentes em disciplinas obrigatórias como matemática, português, química e história.

Em unidades como o Colégio Estadual Thales de Azevedo (Salvador), Colégio Polivalente de Camaçari e Colégio Estadual de Jequié, pais e estudantes relatam semanas inteiras sem aulas regulares. Em algumas turmas do ensino médio, o conteúdo previsto para o primeiro bimestre ainda não foi concluído, comprometendo o desempenho dos estudantes no ENEM e em avaliações nacionais.

A Secretaria da Educação do Estado (SECreconhece a carência, mas atribui a situação a “ajustes na reorganização de contratos temporários e aposentadorias”. A pasta prometeu lançar novos editais emergenciais até o fim de maio, mas não apresentou prazos para regularização total da demanda. A ausência de concursos públicos efetivos há mais de cinco anos é apontada como uma das principais causas do déficit estrutural.

A situação levou a protestos em frente à Governadoria no Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde estudantes e professores exigiram reposição imediata das aulas e responsabilização da gestão estadual. “Não há educação de qualidade sem professor em sala. O Estado não pode tratar a escola pública como último plano”, afirmou a professora Sílvia Costa, que leciona em Simões Filho.

Parlamentares da oposição cobraram a convocação do secretário estadual da Educação, Adélia Pinheiro, para prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa. “A Bahia tem uma das maiores arrecadações do Nordeste, mas trata a educação como um problema secundário”, disse o deputado Tiago Correia (PSDB).

Especialistas em educação pública alertam que a falta de docentes compromete a equidade e aprofunda a desigualdade educacional. “A evasão escolar cresce quando os estudantes não encontram aula, e isso afeta sobretudo os jovens da periferia, os mesmos que já enfrentam múltiplas barreiras sociais”, declarou o sociólogo Marcos Santarém, da UNEB.

 

Até o momento, o governo estadual não divulgou balanço oficial atualizado sobre o número de vagas não preenchidas nem cronograma concreto de nomeações. A crise, somada à precarização estrutural das escolas, evidencia uma gestão que ainda falha em priorizar a formação das futuras gerações.

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