Um vídeo irônico protagonizado por pessoas fantasiadas de super-heróis viralizou nas redes sociais nesta semana. A cena, denuncia de forma humorada — mas contundente — o abandono da segurança pública no estado. O material audiovisual tem repercutido amplamente e escancarado o que milhões de baianos vivenciam todos os dias: medo, violência e omissão do poder público.
A repercussão do vídeo coincidiu com mais um episódio polêmico protagonizado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT). Em dezembro de 2024, durante uma visita à cidade de Nova Ibiá, no sul da Bahia, o governador fugiu de uma entrevista ao ser questionado por um jornalista sobre a escalada da violência no estado. A cena foi gravada e causou indignação: ao invés de prestar esclarecimentos à população, Rodrigues literalmente virou as costas e saiu correndo.
A Bahia lidera o ranking da violência no Brasil
Os dados oficiais mostram uma realidade alarmante:
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Em 2023, a Bahia foi o estado com maior número absoluto de homicídios do Brasil, com 6.659 assassinatos, segundo o Atlas da Violência.
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Entre 2012 e 2022, mais de 70 mil pessoas foram assassinadas no estado.
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Salvador é, atualmente, a capital mais violenta do país, com 66,4 homicídios por 100 mil habitantes.
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Cidades como Jequié, Simões Filho, Santo Antônio de Jesus e Camaçari figuram entre os municípios mais letais do Brasil.
Facções dominam territórios
O avanço do crime organizado tem sido avassalador. Regiões inteiras estão sob o domínio de facções armadas que disputam território a tiros. A população vive encurralada, em bairros onde o poder estatal foi substituído pelo poder paralelo do tráfico. A presença ostensiva da polícia não tem impedido que essas facções expandam seu controle, sobretudo nas periferias da capital e no interior.
Segundo levantamento de organizações independentes, mais de 1.300 tiroteios foram registrados apenas em Salvador durante o ano de 2024, com média de 3 mortes por dia relacionadas a confrontos.
Jovens: as maiores vítimas
A juventude baiana segue sendo a principal vítima dessa guerra urbana. O Atlas da Violência mostra que o estado é o segundo mais letal do país para jovens entre 15 e 29 anos, com mais de 113 mortes por 100 mil habitantes nessa faixa etária. A violência é seletiva e atinge, principalmente, jovens negros das periferias, sem que haja políticas públicas eficazes para reverter esse quadro.
A omissão do governador Jerônimo Rodrigues
Enquanto a criminalidade avança, o governador Jerônimo Rodrigues se esconde da imprensa e ignora o clamor popular. Ao se recusar a responder perguntas sobre segurança pública, ele demonstra despreparo, covardia e desprezo pelas vítimas da violência.
O silêncio do governador é mais ensurdecedor que os tiros que ecoam nas ruas da Bahia. Não há plano estruturado de combate ao crime organizado, tampouco ações consistentes de valorização da inteligência policial. A Bahia não precisa de vídeos de marketing, mas de uma gestão comprometida com a vida, a ordem e a paz.
O vídeo dos “super-heróis” é uma metáfora trágica e verdadeira: o povo clama por socorro, mas o governo foge da responsabilidade. A Bahia precisa de coragem, não de omissão. Precisa de líderes, não de fujões.
Enquanto o governo se esconde, o crime avança. E o povo, desamparado, segue sendo a principal vítima dessa tragédia anunciada.