Amigos de Lula avaliam que a pressão popular e o aumento das tensões estão levando o presidente a considerar uma postura crítica em relação a Nicolás Maduro e a não reconhecer a legitimidade das eleições na Venezuela. Petistas próximos a Lula observam que ele está cada vez mais disposto a adotar essa posição.
De acordo com relatos de dois amigos do presidente, cresce a percepção dentro do governo de que a situação na Venezuela está se tornando “insustentável”. Lula, disseram esses interlocutores, tem sido particularmente impactado pelas manifestações populares no país vizinho. Embora ainda haja esperança em relação aos esforços de diálogo com México e Colômbia, aliados de Lula reconhecem que a situação não pode ser adiada por muito mais tempo.
Para se proteger de críticas, aliados próximos de Lula têm minimizado a proximidade com Maduro. Em conversas reservadas, eles argumentam que a relação de Lula com Hugo Chávez era uma amizade pessoal, mas que o vínculo com seu sucessor é muito mais fraco.
Houve também uma mudança significativa na postura em relação ao PT. Anteriormente, o Planalto elogiava a independência do partido em relação às eleições venezuelanas, mas agora há críticas abertas ao PT, com a alegação de que houve precipitação no apoio a Maduro.
Um amigo de Lula chegou a responsabilizar a liderança petista pela declaração infeliz do presidente de que não havia ocorrido “nada grave” nas eleições venezuelanas. Segundo esse interlocutor, a tentativa de amenizar as críticas à direção petista foi um esforço para justificar a nota que reconheceu a legitimidade da eleição.